terça-feira, 10 de março de 2009

Concurso Sou um Deckbuilder - Idealização Descomplicando o Magic, patrocínio Magic Domain

Fala galera, storks na área!

Esse post será bem breve, apenas para informar a todos sobre o concurso Sou um Deckbuilder. Já estou recebendo decks por email, então quem não mandou continue a mandar. Maiores informações vocês encontram aqui.

Agradecimentos à Magic Domain pelo patrocínio!
Um abraço a todos!

domingo, 1 de março de 2009

Nassif & Cruel Control: Deadly Duo

Pro Tour: Kyoto chega ao fim, e quem permanece em pé com o baixar da poeira é ninguém menos que Gabriel Nassif, um grande jogador que dispensa apresentações. A escolha dele para o campeonato foi uma versão de Cruel Control segundo ele designada por Patrick Chapin, Manuel Bucher e Guillaume Wafo-Tapa, incontestáveis mentes no que diz respeito ao Cruel Control/Quick n Toast. Quando sorte, skill e um deck sólido se combinam o resultado é esse mesmo: vitória no Pro Tour. Afinal, a partida decisiva foi disputada por dois jogadores que dispunham de cada um desses três atributos: o já citado Nassif, e a grande estrela do momento no Magic, Luis Scott-Vargas, com seu BW tunadíssimo. No decorrer desse post quero analisar o deck do Nassif, bem como o ambiente do Pro Tour, pra saber como exatamente ele conseguiu levar, depois de vários Top8s, o seu primeiro Pro Tour (individual).

Deck to beat: RW Reveillark

Não vou ser modesto aqui e chamar os pros de ''visionários'' pela previsão correta da maioria fez em Kyoto. O deck to beat foi mesmo o RW Reveillark e isso não foi surpresa pra ninguém. Era só acompanhar os últimos campeonatos de antes do Pro Tour, RW estava sempre presente nas primeiras colocações. O próprio Tomoharu Saitou levou um campeonato grande no Japão com uma lista refinadíssima de RW, usada com grande sucesso por diversos players em trials da Magic-League (e em outros campeonatos mundo afora, tenho certeza).

Com isso em mente, o objetivo de cada jogador competitivo de Magic nessas últimas semanas era realizar uma de duas tarefas:
A) Encontrar a melhor lista de RW, capaz de levar vantagem no mirror e também capaz de segurar os outros decks populares como Fadas, Cruel Control, e BR Blightning, entre outros.
B) Encontrar um deck que seja favorito no matchup contra RW, mas que também segure o rojão contra os outros decks Tier 1/1.5.

Não é uma tarefa fácil, claro. O Fadas, por exemplo, é um deck excelente no abstrato, uma vez que a sequência natural de spells do deck é muito, muito forte. Thoughtseize seguido de Bitterblossom, depois de Spellstutter/Jace/Broken Ambitions, com Cryptic Command/Mistbind Clique pra finalizar. É muito complicado segurar essa sequência de cartas, que começa já nos primeiros dois turnos do jogo! O Fadas naturalmente leva uma certa vantagem sobre o RW, que é um deck com muitos feitiços (vários com custo 4-5) e poucos instants, ou seja, presa fácil para os counters e para a Mistbind Clique. E graças a cartas excelentes de side como Infest e Puppeteer Clique, mesmo pós side o Fadas leva vantagem. Eu sei que alguns jogadores vão discordar, vão dizer que a matchup é no mínimo 50-50 ou que ''RW ganha de Fadas", mas eu não acredito nisso. O Fadas não seria tão significativo no ambiente se isso fosse verdade. Só que o Fadas tem um grande problema, principalmente nas mãos de jogadores com menos experiência em pilotar o deck: a match contra BR Blightning e Mono Red. Claro, um PV sabe o que fazer e consegue trazer a match pra cima, mas isso é exceção. A boa pra Kyoto, então, era achar um deck que ganhasse de RW mas que não fosse o Fadas, uma vez que os decks de burn são bastante populares entre os Pros (principalmente entre aqueles que são melhores em Limited e não querem perder muito tempo pensando/testando Constructed). E um deck bem posicionado no ambiente levando em conta esses fatores é o deck escolhido pelo Nassif e os outros franceses, o já famoso Cruel Control. Segue a lista de Gabriel Nassif, campeão do Pro Tour: Kyoto:

Cruel Control - Gabriel Nassif, Pro Tour: Kyoto 2009
Designed by Patrick Chapin, Manuel Bucher, Guillaume Wafo-Tapa

3 Cascade Bluffs
2 Exotic Orchard
3 Island
1 Mystic Gate
4 Reflecting Pool
4 Sunken Ruins
2 Vivid Crag
4 Vivid Creek
3 Vivid Marsh
2 Vivid Meadow

3 Broodmate Dragon
4 Mulldrifter
3 Plumeveil
3 Wall of Reverence

4 Broken Ambitions
1 Celestial Purge
2 Cruel Ultimatum
4 Cryptic Command
4 Esper Charm
1 Pithing Needle
1 Terror
4 Volcanic Fallout

Sideboard
1 Celestial Purge
2 Infest
2 Negate
1 Remove Soul
4 Scepter of Fugue
1 Wispmare
2 Wrath of God
2 Wydwen, the Biting Gale

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A principal diferença dessa lista pra outras listas mais comuns de Cruel Control é a inclusão de Wall of Reverence no lugar de Wrath of God. As cartas são muito similares, já que ambas são defensivas, brancas, e custam 4 manas. Mas o ''approach'' de cada uma delas é bastante divergente. A Wall of Reverence é uma carta que força o oponente a cometer mais e mais criaturas na mesa, pois sua resistência é bastante alta (pára praticamente tudo exceto Chameleon Colossus e Cloudthresher, cartas que já não veem tanto jogo assim) mesmo sem contar o lifegain. Com apenas uma criatura do outro lado a race está a seu favor, pois você bloqueia normalmente e termina cada turno com mais vida do que começou. E mesmo com duas criaturas do outro lado, se uma delas for apenas 2/2, por exemplo, você toma só 1 ponto de dano por turno. Isso se você tiver apenas a Wall of Reverence na mesa e mais nada, caso contrário fica ainda pior pro seu oponente.

Wall of Reverence ou Wrath of God?

Mas por que isso é melhor que limpar a mesa com uma Wrath? A resposta está na nossa frente. As criaturas que definem o formato são os tokens: Bitterblossom, Spectral Procession, Cloudgoat Ranger, e Siege-Gang Commander. Quando você toma uma Wrath que limpa seus tokens, seu oponente trocou 1 pra 1 com você, pois você perdeu apenas 1 carta apesar de perder 3-4 criaturas. Ou, no caso da Bitterblossom, você perdeu apenas alguns pontos de vida, e a Blossom continua cuspindo fadas na mesa normalmente depois de uma Wrath. A Wall of Reverence oferece uma maneira de anular essas cartas, pois além de ter 6 de resistência e ganhar no mínimo 1 de vida por turno, ela possui 1 de poder, matando os tokens aos poucos toda vez que seu oponente atacar com um deles (mesmo os voadores, já que a Wall of Reverence voa junto). Por ela ficar na mesa, ela vai resolvendo os problemas aos poucos mas continuamente, o que não acontece com a Wrath, já que seu oponente pode simplesmente dropar um Cloudgoat ou um Siege-Gang logo depois da Wrath, trazendo outro problema pra você lidar que não pode ser resolvido por uma simples spot removal como Terror, Bant Charm, Path to Exile, etc.

Além de proporcionar uma grande defesa graças a seu tamanho e habilidades, a Wall of Reverence também força seus oponentes a caminhar direitinho na direção de um Firespout ou, como é o caso agora, um Volcanic Fallout. Ora, se a Wall of Reverence exige que seu oponente coloque mais criaturas na mesa do que o normal, isso faz com que o poder de um Volcanic Fallout aumente considerávelmente, já que ele levará consigo uma quantidade maior de criaturas, resultando numa grande card advantage pra você. E a Wall of Reverence continua viva depois que a poeira baixa, o que não acontece quando você joga com Wrath of God ao invés dos sweepers vermelhos.

Além dessa sinergia toda, o deck ainda conta com o suporte de Plumeveil, uma carta excelente no formato contra praticamente todos os decks exceto o mirror. Mesmo contra fadas (ou especialmente, graças ao Flash), Plumeveil é muito, muito forte. Por apenas 3 manas você tem um 4/4 com três habilidades, todas muito relevantes. Sim, todas. Um deck defensivo que utiliza um 4/4 por três manas estaria em grande perigo caso esse 4/4 fosse para o outro lado (roubado por uma Sower of Temptation, claro), mas isso não é problema com Plumeveil, já que ela não ataca ninguém. É um dos problema de usar Rhox War Monk nesse slot: E se o fadas roubar com uma Sower, e conseguir desvirar com mana suficiente pra protegê-la com Scion ou counters? Seu 3/4 Lifelink se torna um grande problema, e você vai ter que usar uma remoção nele próprio, o que é uma desvantagem tremenda. Plumeveil é melhor em abstrato, mas é também muito relevante a sinergia entre as duas barreiras. Com Wrath fora do deck não há problema algum em contar com elas, e Plumeveil + Wall of Reverence na mesa significa 4 pontos de vida por turno e um piloto de Cruel Control praticamente inalcançável por criaturas.

Contornando Plumeveil e Wall of Reverence: Uma tarefa nada simples...

Por esse motivo, cartas como Stillmoon Cavalier e Goblin Outlander são tão importantes no formato, driblando uma infindade de coisas tais como Path to Exile, tokens de Procession e Cloudgoat, White Orchid/Meadowgrain e, claro, Plumeveil e Wall of Reverence. Mas mesmo essas criaturas tão resistentes são solucionáveis pelo Cruel Control do Nassif, graças aos 4 Volcanic Fallouts que estão a postos pare queimar estes e outros impecilhos. O deck é realmente muito sólido e sinérgico, já que os problemas que uma carta não soluciona são resolvidos pelas outras, e vice-versa. Graças aos Mulldrifters e Esper Charms, o deck tem meios suficientes de alcançar as respostas corretas para os problemas que surgem, esculpindo o jogo para que um eventual ''topdeck'' encerre a questão. Cruel Ultimatum e Broodmate Dragon estão aí pra isso, para encerrar o jogo quando você conseguir segurar o assalto inicial e estabilizar. Seu oponente terá gasto muitos recursos para contornar suas barreiras e removals, se tornando presa fácil para as spells de fim de jogo. Imagine você praticamente sem mão e sem mesa, olhando seu oponente fazer ''seis manas Broodmate vai". O que você faz a respeito? Ao contrário de Oona e Cloudthresher, Broodmate é um finisher que um simples Path to Exile ou similar não consegue resolver. Ainda sobra o irmão 4/4, que é mais que o suficiente pra selar uma partida já estabilizada a favor do jogador de Cruel Control.

Possíveis mudanças?

Eu gosto muito da lista do Nassif, tirando três slots que eu considero bastante perdidos: 1 Celestial Purge, 1 Pithing Needle, 1 Terror. O deck não usa mais Liliana Vess, então qual é a dessas cartas? Gosto muito de Purge, acho até viável no maindeck, mas eu usaria 2 ou nenhum. É o caso de Terror também. A Pithing Needle dificilmente será morta já que todos os decks usam alguma coisa ativável, mas e se essas cartas já foram resolvidas ou o oponente simplesmente não as comprou? Aí a Needle se torna morta sim. Uma opção para unificar esses slots é usar alguns Paths. Path to Exile é muito forte, e sua ausência é notável, mesmo que um tanto compreensível. De qualquer forma, sinto falta da possibilidade de pular de 5 manas pra 7 no mirror, fazendo Plumeveil + Path to Exile no passe pra seguir com um Cruel Ultimatum. Eu entendo que dar uma land de graça pro oponente não é algo desejável, mas será que é mesmo um problema tão grande assim? Os decks de Cloudgoat Ranger/Siege-Gang Commander podem até fazê-los um turno mais cedo graças a um Path seu, mas com 6 barreiras e 4 Fallouts será que isso é mesmo um problema? Sinto falta também de Ajani Vengeant/Liliana Vess, que mesmo em quantidades pequenas são cartas muito eficazes no Cruel Control. De cara pensaria em transformar a Pithing Needle em 1 Liliana ou Nicol Bolas, e unificar Celestial Purge/Terror em 2 cópias de um ou outro, ao invés de 1 de cada. Ou mesmo 2 Path to Exile. O fato é que Noble Hierarch é uma carta muito forte e um Bant vai surgir eventualmente, o que faz a idéia de usar Celestial Purge maindeck perder um pouco do seu appeal. Prefiro sinceramente 2 Terrors ou 2 Paths.

De resto o deck me parece mesmo bastante sólido, não mudaria quase nada. Talvez mexer um pouco na proporção de Vivid Crags/Meadows e Bluffs/Gates. O deck usa 4 Fallouts mas usa 4 Esper Charms, o que me faz preferir usar 2 Bluffs e 2 Gates ao invés de 3/1 como o Nassif. Pra compensar, podemos aumentar o número de Vivid Crags pra 3, cortando uma Ilha, talvez, ou mesmo um Vivid Marsh pra manter o mesmo número de Vivids. Quanto ao side, não gostei muito da Wydwen. É só pelo Flash? Achei meio perdida, acho que tem coisa melhor para um deck que pode usar virtualmente todas as cartas do formato.

Nassif escolheu muito bem

Em conclusão, o Nassif realmente escolheu o melhor deck para o campeonato. Um deck com matchups favoráveis contra todos os W/x e decks de burn, e uma lista que não esqueceu da existência do Fadas. Somando a isso a skill do jogador (inegável, mesmo que alguns jogadores discordem comigo nesse ponto. Bertu, você discorda, não é?) e o fator sorte (ele realmente comprou muito bem), não é surpresa a vitória de Gabriel Nassif em Kyoto. Ele trouxe pra guerra as melhores armas, veio bem treinado, e soube abraçar a sorte quando ela passou na frente dele. Meus parabéns, e nada mais.

No decorrer da semana vou trazer uma idéia nova para o Standard, com base no metagame pós-Kyoto. Mesmo sendo uma tarefa complicada e pouco eficaz na maioria dos casos, eu realmente gosto de montar decks novos e/ou tentar fazer alguma mudança em decks comprovados (as famosas ''techs''), nem que seja pra me divertir por aí. Gosto de praticamente tudo no Magic, e essa parte não fica de fora.

Um abraço a todos, desculpem pelas postagens esporádicas, mas a Vida Real (TM) chama a cada minuto e no momento está complicado atualizar o blog 2-3 vezes por semana, minha idéia inicial. Mas acredito que logo mais eu consiga chegar nesse ritmo e mantê-lo, então peço paciência a todos. Aguardo seus comentários e sugestões, eles são realmente muito importantes por isso não deixe de postá-los.

Obrigado por ler, e até a próxima!
- Rafael Quadros

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Analisando Noble Hierarch e Ancient Ziggurat pro Standard

Fala galera, estou de volta para o segundo post do blog. Peço desculpas pela demora, mas eu não desanimei não. A semana foi cheia, apenas isso.

Continuando a analisar Conflux, vou comentar aqui sobre duas outras cartas de tantas da edição que me animam. Elas já foram razoávelmente exploradas por aí e acredito que eu não seja o único de olho nelas. Elas são Noble Hierarch e Ancient Ziggurat.

Aceleradores de mana e terrenos: Uma combinação delicada

Noble Hierarch, como todos já a apelidaram, é a ''nova Birds''. Eu não acho que seja melhor que Birds, apenas acredito que cada uma tem o seu espaço, e que podem ver jogo inclusive juntas. Pensem em decks que usam Birds e Elfos de Llanowar. A Hierarca é na maioria das vezes superior aos Elfos, uma vez que adiciona 2 cores a mais e ''empresta'' seu poder pra uma criatura atacante através do Exalted. E em decks UGW apenas, ela é superior à Birds também. É certamente uma das cartas mais poderosas de Conflux, e meu intuito aqui é oferecer idéias com ela. Acredito que Ancient Ziggurat seja a carta parceira que faltava para os ''mana bugs'', como são conhecidos os bixos aceleradores de primeiro turno, se tornarem realmente bons no formato.

A principal vantagem dessa land é o fato que ela tira o peso das costas de suas Florestas e painlands verdes. Atualmente temos uma infindade de terrenos excelentes para decks de 3 cores ou mais. O problema? Nenhum deles adiciona verde no primeiro turno. Vivids, filterlands, Reflecting Pool, nenhum deles pode ser usado para fazer uma Birds ou Hiearch de primeiro turno. O que sobra são painlands, que dificilmente são usadas além das primeiras 4-6 cópias (no máximo), Florestas básicas, péssimas em decks multicoloridos, e lands específicas como Gilt-Leaf Palace e Murmuring Bosk, que bem ou mal limitam suas opções de criaturas.

O fato é que esses aceleradores demandam que mais ou menos metade dos seus terrenos consigam criá-los no primeiro turno. Isso significa 11-12 terrenos em média, um número dificilmente atingido com Painlands e Florestas apenas. Com o Ancient Ziggurat, já temos meio caminho andado, já que ele é excelente para criar suas outras criaturas também, sejam elas quais forem.

O céu é o limite?

No T2 atual, acredito que sim. Temos lands suficientemente boas para criar um deck baseado em criaturas de quantas cores quisermos. O primeiro exercício é identificar e selecionar criaturas que agem como mágicas, para que o deck não se torne uma pilha de cartas que morrem pra primeira Cólera ou Firespout do oponente. As ''creature-spells'' mais fortes do ambiente, na minha opinião, são:

*Gaddock Teeg: Cruel Ultimatum, a maioria dos planinaltas, Flame Javelin, Wrath of God, Cryptic Command, Martial Coup, Banefire... Teeg pára todas essas, e mais. É bastante frágil, no entanto, uma vez que Firespout/Pyroclasm/Volcanic Fallout/Path to Exile/Terror/Agony Warp e muitas outras cartas bastante comuns todas conseguem matá-lo. É por essa razão que o Teeg precisa ser protegido, e várias criaturas podem ser usadas para esse efeito. A mais importante na minha opinião é a...

*Glen Elendra Archmage: Ela anula as próximas duas remoções que pegariam o Teeg. Como o Kithkin previne todas as spells de custo 4+, não sobra muita coisa pra Glen Elendra, o que significa que essa dupla provavelmente vai conseguir lockar seu oponente. Ele vai ser forçado a jogar criaturas, o que fortifica e muito...

*Sower of Temptation e Shriekmaw/Nekrataal: O 2/1 é mencionado aqui pela sua sinergia com Reveillark e nada mais, mas Sower e Shriekmaw são verdadeiros campeões. Com Teeg e Glen Elendra na mesa, seu oponente faz um bixo e você o rouba com a Sower. O que seu oponente faz dali pra frente? Provavelmente não muita coisa. Tirando Cloudthresher e Volcanic Fallout, a combinação Teeg + Glen Elendra para tudo que é ameaça para suas criaturas. E com essa board position, você dificilmente precisará de mais de 2-3 turnos para terminar o jogo, o que faz desse plano algo bastante sólido. Shriekmaw não é nada em especial, mas é uma resposta às poucas mágicas que seu oponente conseguirá resolver.

*
Tidehollow Sculler: É mais uma criatura muito forte para montar o ''lock'' com Gaddock, Sower e Glen Elendra. O mais interessante desse plano é que essas criaturas são todas 2/2, ou seja todas funcionam com Reveillark. Tidehollow Sculler pode tirar da mão do seu oponente um eventual Volcanic Fallout ou Cloudthresher, algumas das poucas cartas que podem atrapalhar suas criaturas. Uma nota sobre Volcanic Fallout: Eu particularmente não acredito que esse novo piroclasma substitua todas as opções existentes. Pra começar, o custo dele é o mais difícil de todos para o Quick n Toast, e ele é o *pior* de todos contra qualquer deck que não use counters. Custa R a mais que Piroclasma e faz essencialmente a mesma coisa, inclusive continua perdendo pro Burrenton Forge-Tender. Acredito que a lista final do Toast vai preferir usar Banefire para combater o Fadas, e continuar usando Cloudthresher e Jund Charm para limpar a mesa.

*Vendilion Clique: Junto com o Tidehollow Sculler, é uma boa opção para tirar da mão do oponente as remoções que mais atrapalham um deck baseado em criaturas. É uma pena que ela não funcione com o Reveillark, mas não dá pra ter tudo também.

Noble Lark

Pra dar uma ilustrada melhor, eis uma lista preliminar de um 4C Reveillark:

4x Noble Hierarch
3x Birds of Paradise
4x Mulldrifter
4x Doran, the Siege Tower
4x Rhox War Monk
4x Reveillark
4x Tidehollow Sculler
3x Gaddock Teeg
4x Sower of Temptation
3x Glen Elendra Archmage

4x Ancient Ziggurat
4x Murmuring Bosk
2x Yavimaya Coast
2x Brushland
2x Treetop Village
4x Reflecting Pool
2x Mystic Gate
1x Adarkar Wastes
1x Caves of Koilos
1x Underground River

É bastante preliminar essa lista, e eu ainda não a testei, mas acredito que exista uma lista correta de um deck assim. As criaturas do ambiente são muito fortes, e temos a combinação correta de aceleradores de mana e terrenos, por isso acho muito difícil que um deck como esse não se solidifique até Kyoto.

Uma outra opção é usar Bloom Tender como carta chave em um deck cujo objetivo é baixar o maior número possível de ameaças:

4x Noble Hierarch
2x Birds of Paradise
4x Bloom Tender
4x Figure of Destiny
4x Rhox War Monk
2x Ranger of Eos
4x Chameleon Colossus
2x Maelstrom Archangel
3x Cloudthresher
3x Realm Razer
2x Broodmate Dragon

3x Path to Exile

4x Ancient Ziggurat
2x Karplusan Forest
3x Brushland
2x Shivan Reef
4x Reflecting Pool
2x Murmuring Bosk
3x Wooded Bastion
3x Fire-Lit Thicket

Lista bem aleatória - e sem testes - só pra ilustrar a idéia. Infelizmente eu não tive muito tempo essa semana pra testar muita coisa (apenas mexi em decks existentes, o que vou mencionar nos próximos posts) mas fica aí o brainstorming, que pode ser útil para alguém.

Seja lá como for, eu acredito que Noble Hierarch e Ancient Ziggurat estarão presentes nas mesas altas de Kyoto, juntos no mesmo deck ou não. É esperar pra ver, mas enquanto isso, recomendo a todos que fechem seus playsets. Acredito que o preço de ambas decole em breve.

Valeu por todo mundo que leu e até a próxima postagem! Prometo que o intervalo será menor. Boa semana a todos.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Breeding Pool #1: Construindo com Conflux

Uma edição de Magic sempre traz no mínimo 145 novas cartas, o que abre diversas possibilidades para novos decks. Algumas são acima da média, como Alvorecer, que trouxe cartas chave como Bitterblossom, Mutavault, Chameleon Colossus, Heritage Druid e Reveillark, importantíssimas para o Standard e até mesmo para o Extended. Outras são abaixo da média, como Caos Planar, que trouxe Keldon Marauders, Damnation, Extirpate e... alguma carta ou outra que é difícil de lembrar. A bola da vez é Conflux, que acredito ser uma edição intermediária no que diz respeito à força de suas cartas. Em quantidade ela é melhor que Alvorecer, porém nenhuma carta em Conflux é tão poderosa quanto o ''Quarteto Fantástico" de Alvorecer: Colosso, Mutavault, Blossom e Reveillark. Mas isso não é uma pena, uma vez que as próprias pessoas responsáveis pela manutenção do jogo já admitiram que Bitterblossom e Reveillark foram erros que eles gostariam de não ter cometido. Enfim, elas estarão aí por mais 9 meses, então não adianta lamentar, e sim construir decks que consigam se manter firme frente a essas cartas, até mesmo utilizando-as para benefício próprio.

Analizando o spoiler de Conflux, uma carta que me chamou a atenção foi o Nyxathid. Para quem ainda não viu, vale a pena conferir:


Nyxathid é uma criatura muito forte. Pra começar, o custo dela é baixo o suficiente, uma bênção nesse ambiente rápido de mana Figure ou mana Thoughtseize. As criaturas pretas geralmente possuem alguma drawback, e dificilmente são eficientes no que diz respeito à proporção custo/tamanho. Por exemplo o preto não possui nenhum ''Grizzly Bears''. Seus 2/2 por 1B sempre vem com algum malefício, nem que seja um ponto de resistência a menos. É certo que existe o Dark Confidant, que possui uma habilidade tão forte que não dá nem pra dizer que é uma drawback, mas ele é uma exceção. Nyxathid eu acredito ser outra exceção.

Nyxathid me remete ao Tarmogoyf. Sim, de fato. É um Tarmogoyf ''justo''. Os próprios membros da R&D admitiram que 1G é um custo muito baixo e que se eles pudessem voltar atrás o famoso Goyf custaria 2G ou 1GG. E eu acho que o Nyxathid pra eles é exatamente um ''Tarmogoyf done right". Afinal, não será incomum ter um Nyxathid 4/4 ou 5/5, e o custo de 1BB é uma bagatela.

A chave é fazer com que o Nyxathid seja um 4/4 ou 5/5 constantemente. Felizmente, para fazer seu Nyxathid crescer (ou, mais precisamente, deixar de diminuir), é utilizado um recurso que também é muito eficiente em conjunto com o Tarmogoyf, sem deixar de ser eficiente por si só. Esse recurso é o descarte. Cartas como Thoughtseize e Blightning já são poderosas sozinhas, então por que não aproveitar o ''splash effect'' delas, que é bombar seu Nyxathid? Uma criatura eficiente que se torna mais consistente com o apoio dessas cartas. É com isso em mente que eu quero modificar alguns decks existentes para abusar do Nyxathid. O primeiro deles é menos óbvio, e por isso mais interessante: BG Elves.

Sim, BG Elves. Ora, não foi nesse deck que o Goyf brilhou no T2 de Time Spiral e Lorwyn? Pois agora é a vez do Nyxathid. Resolvi pegar uma lista padrão do BG Elves e modificá-la para encaixar o Nyxathid, e o resultado é uma lista bem interessante que eu vou testar no decorrer da semana. Eis o resultado do brainstorming:

BG Nyxathid Rock

4x Llanowar Elves
4x Civic Wayfinder
4x Nyxathid
4x Chameleon Colossus

4x Bitterblossom
4x Thoughtseize
2x Scepter of Fugue
2x Nameless Inversion
3x Eyeblight's Ending
3x Profane Command
3x Garruk Wildspeaker

3x Mutavault
4x Treetop Village
3x Twilight Mire
4x Llanowar Wastes
4x Gilt-Leaf Palace
2x Forest
3x Swamp

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A idéia do deck é muito simples. Tal como o BG Elves, você combina remoções baratas e eficientes com a disruption do Thoughtseize, para limpar o caminho para algumas das melhores criaturas do formato. Com Nyxathid, Chameleon Colossus, Bitterblossom e as 7 manlands, não faltarão maneiras para atacar seu oponente. Como Nyxathid é mais difícil de manter do que o Tarmogoyf, que ganha no mínimo +2/+2 quando a primeira removal mata uma criatura, eu acrescentei 2x Scepter of Fugue. O Scepter é barato o suficiente pra ser ativado a cada turno ou dois, e além de enfraquecer o jogo do seu oponente ele fortalece o seu Nyxathid.

Acho que isso é o que o Nyxathid tem de melhor: O que o complementa é complementado por ele. Afinal, o que um deck de descarte precisa para vencer o jogo? Uma criatura rápida e eficiente, que consiga matar o oponente antes que ele compre mais cartas e consiga se recuperar da enxurrada inicial de mágicas de descarte jogadas nele. Não adianta você destruir a mão do seu oponente e baixar um 2/2, pois primeiro topdeck que seu oponente der em uma criatura 3/3 ou maior inviabiliza o seu plano. A coisa muda de figura, no entanto, quando depois de ter sua mão aniquilada o oponente tem que enfrentar um Nyxathid 6/6 ou 7/7. O que ele vai fazer? Burn não alcança ele, ele é imune a Terror, a maioria das criaturas não bloqueia ele de forma eficiente... claro, ele pode dar chump com um token de Bitterblossom, ou topdeckar uma criatura que tenha proteção contra o preto, ou dar um Condemn/Path to Exile, entre outras saídas, mas o que importa é que um Nyxathid 5/5+ é muito mais difícil de lidar que uma criatura menor e/ou de outra cor. Quando seu oponente tem apenas 2 ou 3 turnos para comprar uma saída, suas chances de ganhar o jogo são muito boas.

Eu tenho visto muitas listas atuais de BG com criaturas como Murderous Redcap e/ou Kitchen Finks, e Nyxathid me parece estritamente superior. Não há no formato uma maneira eficiente de comprar 3 ou mais cartas, e os jogadores tem que se virar com cartas como Mulldrifter e Esper Charm, que apesar de muito boas não são exatamente máquinas de comprar carta. Tidings existe mas custa muito e praticamente nenhum deck a utiliza, com exceção de algumas versões mais rogue de Cruel Control. Não acredito que seu oponente consiga deixar seu Nyxathid menor que 3/3, talvez somente após um Cruel Ultimatum, mas nesse caso seu maior problema não é um Nyxathid pequeno, e sim o fato que você acabou de tomar um Ultimato no meio da face...

Acredito fortemente que uma versão de BG com Nyxathid será um dos grandes decks do formato. Acredito também que o ja conhecido BR Blightning se adapte para encaixar o Nyxathid, que num deck com 4x Thoughtseize e 4x Blightning é basicamente um Ashenmoor Gouger melhorado: É, no mínimo, um 4/4 preto que *pode* bloquear, mas com potencial de ficar ainda maior. Não tenho ainda uma lista de BR Blightning com ele, mas acredito que com uma base de 4x Bitterblossom 4x Nyxathid 4x Blightning 4x Thoughtseize 4x Flame Javelin e 4x Demigod of Revenge, o BR Blightning finalmente se solidifique como um deck Tier 1. Principalmente com a ajuda bem-vinda de cartas como Volcanic Fallout e Banefire, que com certeza vem para solidificar a supremacia do BR contra o Faeries.

Espero que essa análise sobre o Nyxathid tenha incentivado alguns jogadores a criar decks com ele. Eu particularmente aposto no BG e no BR, mas as possibilidades não param por aí: Talvez um deck mais dedicado ao descarte, com Raven's Crime e Ravenous Rats, possa existir. Outra possibilidade que me agrada muito é um novo BW, com menos ênfase nos tokens e maior ênfase em criaturas como Stillmoon Cavalier e o próprio Nyxathid, que complementa muito bem 4x Thoughtseize e 4x Tidehollow Sculler. Enfim, Conflux chegou, e é hora de identificar as pedras preciosas da edição. Espero que vocês também tenham gostado do Nyxathid.

Um abraço e até a próxima!
Rafael Quadros